terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"Virada a direita no Chile - Reflexões"


A oposição e a mídia golpista tentam a todo custo comparar o resultado da eleição presidencial no Chile com as próximas eleições presidenciais no Brasil. Comentam que da mesma forma que Michele Bachellet não conseguiu emplacar o seu candidato a presidente, Lula também pode não conseguir emplacar Dilma Roussef. As eleições no Chile teriam algum significado?

Sobre este debate, coloco aqui algumas reflexões:

1º) O Brasil é um país totalmente diferente do Chile, pela sua extensão continental e particularidades geográficas, políticas e sociais. Cada estado brasileiro tem seu diferencial e que pode ser um fator positivo na candidatura de Dilma Roussef;

2º) A amplitude política de Lula é incomparável a de Bachellet. Basta analisarmos o que representa atualmente Lula para a América Latina, sendo reconhecido como grande liderança política em todo o mundo, através das propostas encaminhadas às instâncias internacionais lastreadas por forte postura política;

3º) No Brasil, Lula também tem esse reconhecimento como grande Chefe de Estado. A sociedade brasileira certamente entende e valoriza suas posturas internacionais, cujo exemplo pode ser ilustrado através das propostas recentemente à Copenhague e inserção nos fóruns de debates sobre países emergentes no G-20;

4º) Lula tem um grande índice de aprovação, originada pelas políticas econômicas e sociais. Não será fácil a qualquer candidato de oposição, principalmente se comparado ao desastre econômico e social que foi o mandato de FHC. Vale lembrar que a maioria do eleitor não conhece Dilma Roussef, e quando conhecer através de Lula certamente será um diferencial. No voto espontâneo, Serra e Dilma aparecem empatados tecnicamente.

5º) A onda neoliberal vivenciada nos anos 90 parece ter atingido com muito mais intensidade os países menores, através das mudanças nos rumos econômicos e desregulamentações. Basta analisarmos as conseqüências ocorridas na Argentina e no próprio Chile, cujas privatizações puderam ser concretizadas quase na totalidade. Aqui no Brasil, apesar do governo FHC ter privatizado muitas estatais, houve resistências políticas estaduais e nacionais que evitaram as privatizações na totalidade (ou quase totalidade), como é o caso da Petrobrás, CEF, Banco do Brasil, entre outros. Isso pode ter sido um diferencial na questão a respeito da autonomia política, que pode ter “engessado” mais os projetos governamentais nos países menores, e menos no Brasil. Basta ver a dificuldade de Cristina Kirchner na Argentina com relação à autonomia do Banco Central;

6º) Após a queda do muro de Berlim, podemos considerar que o grande levante socialista ou de centro-esquerda deu-se na América Latina. Além da já histórica Cuba, apareceram no cenário latino-americano, a Venezuela, Bolívia, Brasil. Mais recentemente, o Equador, o Uruguai e o Paraguai, além de Argentina e Chile, embora com posturas mais modestas. Ou seja, capitalista que se preze, não simpatiza com tais modelos, sendo um entrave aos projetos neoliberais. Para eles, grandes capitalistas, é preciso acabar com esquerda em qualquer parte do mundo, ainda mais em um continente tão “precioso” ao mercado internacional;

7º) Para desagradar ainda mais o projeto dos grandes capitalistas mundiais, a Área Livre de Comércio das Américas (ALCA), não emplacou. A conseqüente guinada à esquerda na América do Sul, acabou por sepultar o projeto, principalmente após a chegada de Lula ao poder. Para agravar ainda mais a situação, os países sul-americanos ainda trataram de valorizar as suas políticas locais e criaram a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), que irritou profundamente os países centrais, como os Estados Unidos e os países europeus;

8º) Além de inviabilizar os planos da ALCA, o Brasil através do governo Lula valorizou políticas no mercado internacional, fechando acordos importantes com um dos adversários mais preocupantes dos Estados Unidos que é a China;

9º) O Brasil passa a ser um país de grande interesse aos capitalistas ligados ao petróleo, uma vez descobertas as reservas de pré-sal. Trata-se de uma grande correlação de forças, que de um lado é colocada a proposta pela soberania do país - e de outro a entrega aos grandes grupos petrolíferos. Fica a pergunta: tal interesse político-mercadológico pode influenciar na campanha presidencial da oposição?

Perante estas considerações, governos de esquerda ou de centro-esquerda na América Latina inviabilizam os projetos dos grandes capitalistas mundiais. Ao invés de caminharem ao liberalismo econômico, os países latinoamericanos tratam de valorizar a sua própria autonomia política e econômica.

Para tanto, aventa-se uma derrubada dos governos de esquerda, sendo que estes sintomas já podem ser percebidos.

A ausência de uma postura mais enérgica por parte dos Estados Unidos no episódio de Honduras foi simplesmente cômoda às suas expectativas. Além disso, foram coniventes com o episódio sobre a autonomia do Banco Central Argentino, numa verdadeira manobra política dos investidores estadunidenses em bloquear recursos.

Há de se recordar também, a “satanização” e o golpe militar contra Hugo Chaves na Venezuela e as tentativas de golpe contra Evo Morales.

Aliás, os neoliberais só aceitam a continuação dos mandatos presidenciais quando são países governados por presidentes que não são de esquerda. Quando ocorre uma discussão de um terceiro mandato para o presidente Uribe, não há problema. Mas quando a questão é o terceiro mandato de Lula ou continuação do governo Chaves e Zelaya, a imprensa golpista e os neoliberais são contrários, mesmo todos apresentando mecanismo igual que é o referendo popular.

Vale lembrar, que Fernando Henrique Cardoso, além de ter criado o 2º mandato presidencial no Brasil, é contra o 3º mandato de Lula, mas apoiou a proposta de 3º mandato do terrível ex-presidente peruano Alberto Fujimori

Por tantos motivos que afligem os neoliberais, não é a toa que a mídia golpista em conjunto com grandes corporações e partidos políticos criam notícias para desestabilizar os governos de esquerda e tentar emplacar governos liberais na América Latina. Talvez, a eleição do Chile tenha sido apenas um começo.

Mas aqui no Brasil esta luta certamente será muito diferente...
Copiado do blog do Douglas Yamagata

Um comentário:

KINKAS disse...

O Lula não é a Dilma meu caro.

O candidato não é o Lula, e voto não é hereditário desde o fim do coronelismo.

Petista adora uma ditadura a la Cuba né, vc aprendeu isso na Ilha do Fidel enquanto esteve por lá meu chapa?

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