terça-feira, 19 de maio de 2009
"Cuba prestes a erradicar a Hepatite B"
Uma nova conquista se inscreverá breve no avanço científico do país: Cuba está em vias de eliminar a transmissão da hepatite B, uma infecção severa do fígado causada por um vírus que se adquire por contato direto com o sangue ou outros fluídos corporais como a saliva e o sêmen. Também por via perinatal: da mãe ao filho no momento do parto, e através da lactação.
O alcance do enunciado se esclarece ainda mais quando conhecemos que isso permitirá, do mesmo modo, sentar as bases para que nas próximas três ou quatro décadas se produza a eliminação do câncer hepático e a cirrose dependentes desta doença.
A hepatite B é considerada como o problema médico-social de maiores conseqüências imediatas e futuras, maior que outras enfermidades como a AIDS.
A revista médica inglesa The Lancet em sua edição do dia 17 de maio escreve que quase 500 milhões de pessoas -uma de cada 12 da população mundial- estão infectadas com a hepatite B ou C, "e o que é pior: a maioria nem sequer sabe", e sublinha que se requererá de um compromisso da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos governos individualmente durante um largo período para que se possa garantir o êxito neste importante tema de saúde.
Aproximadamente 1,5 milhões de pessoas morrem cada ano de hepatite B ou C (para esta última ainda não existe vacina, mas sim tratamentos), o que faz que a epidemia seja "uma das ameaças mais importantes para a saúde mundial", motivo pelo que neste ano, como via de alerta universal, declarou-se em 19 de maio como Dia Mundial da Hepatite.
CIÊNCIA E JUSTIÇA SOCIAL
A obtenção e produção a grande escala da vacina recombinante de alta eficácia contra a Hepatite B possibilitou realizar maciças e sistemáticas campanhas que permitem hoje que a população cubana menor de 26 anos se encontre imunizada.
A partir de 1992 todas as crianças ao nascer começaram a ser vacinados contra a hepatite B. Em sucessivas campanhas a imunização contra este flagelo se estendeu aos estudantes, e a grupos de risco como os trabalhadores da saúde, pacientes submetidos à diálise, entre outros, como parte do Programa Nacional de Imunização do Ministério de Saúde Pública (MINSAP).
Um olhar às estatísticas mostra como em 1992 se diagnosticavam em Cuba 2.194 pessoas com hepatite B, 1.344 em 1997, 34 em 2006 e 17 em 2007, para uma redução da incidência desta enfermidade de 99,2%, mostrando a eficácia da vacina e da acertada estratégia de imunização que alcança de forma gratuita a toda a população.
Em 2007 não se diagnosticou um só adolescente menor de 14 anos com a hepatite B. Dos casos reportados (17), duas foram em pessoas com mais de 65 anos, 14 em idades compreendidas entre os 25 e 59 anos, e um só entre os 15 e 24 anos. Desde 1999 não se registram casos em menores de 5 anos.
Do ponto de vista epidemiológico, e de acordo com critérios da OMS e outros organismos internacionais, quando um país reporta menos de 10 casos anuais de uma doença, considera-se eliminada como problema de saúde. Não obstante, mantêm-se as estratégias de vacinação e controle estrito nas doações de sangue, a fim de evitar que os pacientes crônicos possam transmitir a infecção a pessoas ainda não imunizadas.
PREVENIR ANTES DA EXPOSIÇÃO
A estratégia seguida em Cuba se sustenta na premissa técnica de "prevenção antes da exposição ao vírus". Daí a imunização universal a todos os recém-nascidos, a outros grupos de idade e algumas localidades de maior incidência.
A prevenção da infecção perinatal, quando a gestante é positiva ao vírus da hepatite B, também se iniciou em 1992, e, todos os filhos das mães portadoras são acompanhados de forma continua pelos médicos.
Por isso, o esquema de imunização dos recém-nascidos filhos de mulheres não portadoras é diferente do que se aplica a mães que apresentam o vírus. Ao filho das primeiras são administradas três dose da vacina: quando nasce, ao mês e aos seis meses, enquanto que os filhos das portadoras recebem quatro doses: ao nascimento, ao primeiro mês, ao segundo e aos 12 meses. E desde janeiro de 2008 os filhos de mães portadoras também recebem imunoglobulina nos primeiros dias do nascimento antes de iniciar o esquema de imunização.
EM OUTROS PAÍSES
Desde mês de maio o Peru está realizando uma campanha de vacinação para prevenir a hepatite B que atinge toda a população. Mais um exemplo de responsabilidade em saúde pública de governos preocupados com a epidemia. Fonte Revista Digital Lab. Oswaldo Cruz.
É incrivel como se pode fazer muito quando se tem vontade politica , e se elegem prioridades , e a maior prioridade de um país deve ser manter a saúde dos seus habitantes. Parabéns a Cuba e ao seu governo Revolucionário.
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