quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
"CRISE NA FOLIA: A MORTE DA CULTURA DE MASSA LONDRINENSE! "
*VANDERSON LUIS DE MORAIS
É com imenso pesar que hoje, como folião desde 1986 (quando sai pela primeira vez em uma escola de samba de Londrina, a saudosa Quilombo dos Palmares de tantas histórias junto aos movimentos da consciência negra desta cidade) vejo o descaso que se coloca junto às escolas de samba desta cidade.
O secretario de cultura alega que o carnaval não pode ficar restrito somente a fevereiro em nossa cidade, no que concordo plenamente, já que nos grandes centros (Rio de Janeiro e São Paulo) o investimento por parte do poder publico não se restringe a somente este mês, começa a se girar a partir de julho quando é injetado nas escolas de samba o dinheiro destinado ao turismo e cultura daquelas cidades.
As escolas começam a trabalhar em ritmo acelerado já neste mês onde se emprega esta verba somente para dar o inicio de tudo, pois é com esta verba que se trabalha para o profissionalismo que lá existe e que hoje o Ilmo. Secretario de Cultura deseja que aqui seja implantado.
Depois de se desenvolver o enredo é que se corre atrás da verba da iniciativa privada ou até mesmo do poder publico dos municípios, estados e até paises que serão divulgados nos sambas enredos. Aqui, senhor secretario, ainda não se estabeleceu na cabeça do empresariado local que o Carnaval proposto pelas escolas de samba locais tem um grande potencial turístico e os mesmos ainda marginalizam o evento devido as escolas de samba serem das regiões periféricas da cidade e abrangerem um grupo totalmente esquecido pela elite intelectual desta cidade que só vê cultura verdadeira no FILO, no Festival de Dança e no Festival de Musica.
Nos grandes centros urbanos, esta folia popular tem contribuído para a redução da taxa de desemprego, além de gerar uma receita apreciável para a economia destas cidades, pois atrai tanto o turismo interno, quanto internacional. Trata-se de um efeito sazonal, mas bastante lucrativo. E por que não começarmos a praticar isso a partir de agora? Erros aconteceram por parte das escolas de samba e também pela Liga das escolas de samba que foi a gestora do Projeto durante oito anos, mas poderíamos junto com o Secretario, que tem larga experiência a frente do Ballet de Londrina, sanar estes erros.
Mas não!! O que se achou correto foi cortar em 50% o valor da verba que até então era projeto estratégico do PROMIC para sanar as “deficiências” encontradas. A crítica foi utilizada para restringir os recursos e não para estruturar o carnaval. O Secretário, justificando a diminuição dos recursos e a ausência da Secretaria no auxílio logístico ao Carnaval, disse que a Secretaria não dá apoio logístico aos projetos aprovados no Promic. No entanto, o Festival de Música desfruta de apoio, utilizando prédio, telefone, água e luz da Secretaria de Cultura. O Festival Literário utilizou por vários anos a Biblioteca. A Funcart tem convênios diferenciados para sua estrutura e funcionamento. Sou favorável a todos esses apoios; só não entendo porque o Carnaval não mereceria ter, como teve em anos anteriores. Só fico confuso é pela discrepância de tratamentos. O folião da periferia que prestigia os desfiles no Autódromo é pior ou menor do que o intelectual que assiste ao concerto final do Festival de Musica?
Hoje me entristeço profundamente porque depois de oito anos de total apoio do poder publico, como o próprio Secretario pode presenciar quando comentou os desfiles por uma emissora de TV local, o carnaval de Londrina volta a ser marginalizado e desprezado pela elite cultural. Não deixem o carnaval de Londrina morrer. A escola de samba é fruto de uma produção coletiva de apaixonados pelo samba e pela Cultura Popular, constituída por pessoas simples, que dão o melhor de si para esquecerem as mazelas de todo um ano sofridas.
(EX-DIRETOR DA ULES E UPES - CANTOR, INTERPRETE DE SAMBA ENREDO DESDE 1991 E QUE SÓ VÊ O SEU TRABALHO ARTISTICO VISUALIZADO NOS MESES DE JANEIRO E FEVEREIRO)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário