quinta-feira, 26 de abril de 2012
"Os vígias mais caros da historia de Londrina"
Rapaz depois de ser eleito em uma eleição tumultuada onde quem havia sido eleito não levou, onde a disputa de um terceiro turno entre o segundo e o terceiro colocado, consagrou a eleição de um jovem jornalista e político, onde passado todos os traumas desta eleição peculiar, onde todos acreditavam que o novo comando da cidade, ia começar imprimir sua marca na administração municipal, mas logo de inicio também começam a aparecer os conflitos do jeito de governar, até ai tudo bem, mais alem disso começam também a pipocar rumores de malversação, suborno, trafico de influencia etc . . . envolvendo pessoas próximas ao líder maximo do executivo municipal, e situação após situação , constrangimento após constrangimento, resulta agora na instalação da comissão processante que pode dar ao cabo com o mandato do atual prefeito, é lamentável para nossa cidade, jovem , rica , moderna e pujante, que aparentemente, ter uma massa letrada e iletrada que não consegue ver e escolher bem alguns de nossos representantes, esperemos pois o andamento dos trabalhos para ver , até onde a água chega, e quem se afogara neste alagamento colossal na politica londrinense ...
sexta-feira, 20 de abril de 2012
" Vai dar zebra "
Em matéria publicada na gazeta do povo de hoje Leia Aqui Da indícios de uma suposta conversa do governador Beto Richa (PSDB), e empresário ligado ao tristemente celebre Carlinhos Cachoeira , que bicho vai dar hein ....
Em e-mails interceptados pela PF, empresário ligado ao bicheiro fala sobre um suposto encontro com Beto Richa para tratar da volta do serviço de jogos estadual
quinta-feira, 19 de abril de 2012
" Entranhas "
A questão da liberação ou não do aborto é uma questão antiga como a tragédia grega. Em Antígona, escrita séculos antes de Cristo, Sófocles já tratou do que é, no fundo, o que se discute hoje, os limites da intervenção do estado na vida e nas crenças das pessoas. Antígona quer enterrar seu irmão, morto em guerra contra Tebas, e por isso condenado pelo rei de Tebas a permanecer insepulto. A peça é sobre o confronto de Antígona com o rei Creon, do sentimento com a lei, do indivíduo com o Estado, do poder da compaixão e dos rituais familiares com o poder institucionalizado e prepotente. A lei de Tebas proíbe o sepultamento do irmão de Antígona, que se rebela e o enterra assim mesmo, com o sacrifício da própria vida. Em gerações ainda por vir, o confronto de Antígona e Creon se repetirá. No caso do aborto, em países como o Brasil em que a legislação a respeito ainda não foi modernizada, a intervenção do Estado chega às entranhas da mulher. É a lei que decide o que a mulher deve fazer ou não fazer com o filho indesejado, ou que ameaça a sua vida. E esta é uma decisão que deveria acontecer o mais longe possível de qualquer consideração legal, no íntimo da mulher, que é dona do seu corpo e do seu destino. Nem é preciso lembrar que a legislação atrasada força mulheres a recorrer ao aborto clandestino, em condições precárias, com riscos que não existiriam no caso da legalização.
Discute-se quando começa a vida, o que equivale a fixar em que ponto o feto, de acordo com a lei, passa a ser protegido do Estado. Mas do começo ao fim da gestação o feto faz parte do corpo da mulher. O ideal é o processo se completar sem interrupção, ninguém quer a banalização do aborto, mas até a criança ser "dada à luz" ela pertence à mulher, a quem cabe tomar decisões sobre sua vida tanto quanto sobre sua própria vida. O Estado não tem nada a fazer neste arranjo particular, salvo assegurar as melhores condições possíveis para o parto ou para o aborto.
Sem sepultura. A analogia com a peça de Sófocles também serve para o que se pretende com a investigação do que houve durante a repressão aos contestadores do regime militar. No caso, a analogia é ainda mais apta, pois um dos objetivos da tal Comissão da Verdade é localizar os corpos dos insurgentes mortos, que permanecem não insepultos, mas em covas desconhecidas, enterrados sem cerimônias ou identificação. Antígona quer que o Estado devolva o corpo do seu irmão à família, para enterrá-lo. Ele não pertence mais ao Estado, nem a quem o armou para atacar o Estado. Não pertence mais à História. Agora é apenas um irmão morto sem uma sepultura digna.
Texto de Luiz Fernando Veríssimo
Publicado hoje 19/04/2012
Jornal O Estado de Sao Paulo
domingo, 11 de março de 2012
"Kit pesadelo"
Na lida por defender a licitação do Kit de materiais escolares a serem distribuídos para alunos da rede municipal de educação em Londrina, o prefeito Barbosa Neto (PDT), colocou seus secretários na rua na manhã deste sábado 10, para expor e comparar os kits adquiridos pela prefeitura de Maringá, e os que pretende adquirir a prefeitura de Londrina. Levando os materiais para que a população conheça, a administração tenta tirar a pressão que vem sofrendo, do Ministério Público e da Imprensa local, por supostas irregularidades e sobre preço na compra destes materiais, enquanto isso os alunos da rede aguardam . . . Leia matéria completa Folha
"Jumento tipo exportação"
Acordo entre chineses, empresários e fazendeiros do nordeste do Brasil, permitirão que o pais asiático compre os animais que povoam, a esmo cidades e estradas do interior nordestino, esse excesso de animais se dá pelo aumento da renda da população destas localidades, que ao terem acesso a financiamentos, trocaram o histórico animal, por motocicletas e carros. Os animais levados para o gigante asiático, serão utilizados na industria cosmética e alimenticia.
Segundo materia da Gazeta do Povo de Hoje. Leia mais aqui
sábado, 3 de março de 2012
"Boca no trombone"
Moradores reclamando que em muitas escolas municipais de Londrina, o mato tem tomado conta do entorno das mesmas, acaba de ser divulgado na paiquere am no programa fala povo, a secretária de educação segue na mídia . . .
sexta-feira, 2 de março de 2012
"José Serra , surpreendido com a mudança no nome do Brasil"
Essa é boa é tanta vontade de ser Estados Unidos, que mais ou menos aos 6 minutos de entrevistas ele descobre que o Brasil tem outro nome . . .demais .. .
quinta-feira, 1 de março de 2012
"CMTU"
Tempo fechado na CMTU, hoje o GAECO cumpriu mandado de busca e apreensão na companhia, segundo o blog Baixo Clero, a suspeita da vez e sobre destruição de provas em uma investigação de cancelamento irregular de multas de transito . . .
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
"Mãe Dinah"
Detentora de poderes sobrenaturais, ao melhor estilo Nostradamus e Mãe Dinah, A empresa MM Consultoria, Construções e Serviços, da Bahia, alugou um imóvel na Avenida Arthur Thomas, no Jardim Bandeirantes, na Zona Oeste de Londrina, mais de um mês antes de a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) ter instaurado o procedimento de dispensa de licitação para contratar a empresa que prestaria o serviço de varrição na cidade. Segundo matéria da Folha de Londrina Leia Aqui, Agora segundo documentos do Ministério Público, citados na matéria reforçam a suposta relação prévia da empresa e pessoas ligadas a administração.
"Kit pesadelo"
Pesadelo para a administração municipal e em especial para a secretária de educação municipal, já que a Prefeitura pretende gastar 231 reais por kit escolar, três vezes mais se o valor for comparado aos 74 reais pagos, por conjunto, pelo municípi de Maringá.
Neste momento um pai de aluno da escola Neman Sayun acaba de declarar em programa da radio paiquere am, que pagou cerca de R$ 70,00 pelo kit , solicitado segundo ele, pela própria escola . . . quem explica . . .
Neste momento um pai de aluno da escola Neman Sayun acaba de declarar em programa da radio paiquere am, que pagou cerca de R$ 70,00 pelo kit , solicitado segundo ele, pela própria escola . . . quem explica . . .
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
"A carroça na frente dos bois"
Rapaz to pra encontrar um homem público que goste tanto de confusão como o nosso atual prefeito.
A última foi essa ideia "iluminada" de extinguir a circulação das carroças no prazo de 6 anos, felizmente e graças a mobilização dos carroceiros e a repercussão na mídia,e o dividendo eleitoral que tal medida podia ou não gerar, o líder do prefeito (quem diria) na câmara Jairo Tamura (PSB), teve um surto de sensatez e retirou o projeto , para que se pudessem negociar o ponto mais traumático da medida proposta, esperemos . . .
A última foi essa ideia "iluminada" de extinguir a circulação das carroças no prazo de 6 anos, felizmente e graças a mobilização dos carroceiros e a repercussão na mídia,e o dividendo eleitoral que tal medida podia ou não gerar, o líder do prefeito (quem diria) na câmara Jairo Tamura (PSB), teve um surto de sensatez e retirou o projeto , para que se pudessem negociar o ponto mais traumático da medida proposta, esperemos . . .
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
"Mortos e Vivos . . . muito vivos"
Segundo matéria veiculada hoje no site da radio CBNLondrina A cidade de Londrina ganhará até março 5 novas capelas mortuárias e um novo módulo da guarda municipal.
As obras têm de 50 a 80 m². E custam de 175 mil a 227 mil reais. O que equivale a mais ou menos R$ 2.000,00 , por m² o dobro do que custa para construir casas populares como no conjunto residencial Vista Bela por exemplo.
Outra construção do m² "nobre" será o Módulo da Guarda Municipal a ser inaugurado na zona norte, terá 53mts² e custará R$ 175 mil, neste caso o mt² custa mais de R$ 3.000,00,
Explica ai . . .
As obras têm de 50 a 80 m². E custam de 175 mil a 227 mil reais. O que equivale a mais ou menos R$ 2.000,00 , por m² o dobro do que custa para construir casas populares como no conjunto residencial Vista Bela por exemplo.
Outra construção do m² "nobre" será o Módulo da Guarda Municipal a ser inaugurado na zona norte, terá 53mts² e custará R$ 175 mil, neste caso o mt² custa mais de R$ 3.000,00,
Explica ai . . .
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
"Visita a Cuba"
Da revista carta maior
"Prisão de cinco cubanos nos EUA é uma farsa judicial"
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acaba de retornar de Cuba, país que escolheu para uma viagem de férias de dez dias. Mas a viagem foi marcada também por uma série de contatos com dirigentes políticos cubanos. Em entrevista à Carta Maior, Tarso Genro fala sobre essas conversas, analisa as mudanças políticas e econômicas em curso na ilha e manifesta solidariedade aos cinco cubanos presos nos Estados Unidos, onde investigavam a articulação de atentados terroristas contra seu país.
Marco Aurélio Weissheimer
Porto Alegre - O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acaba de retornar de Cuba, país que escolheu para uma viagem de férias de dez dias - de 2 a 12 de janeiro. Mas a viagem de férias foi marcada também por uma série de contatos com dirigentes políticos cubanos. Tarso Genro pretende estreitar o relacionamento do Estado do Rio Grande do Sul com Cuba em áreas como produção de fármacos, engenharia institucional para resistência a catástrofes, produção de máquinas agrícolas e agricultura familiar.
Em entrevista à Carta Maior, o governador gaúcho fala sobre os contatos que manteve em Cuba e sobre as mudanças políticas e econômicas em curso na ilha. Tarso Genro acredita que Cuba está saindo da imobilidade que bloqueou, por largo tempo, seu sistema político e estagnou o desenvolvimento das suas forças produtivas. Ele aponta o bloqueio promovido pelos Estados Unidos como um dos principais fatores responsáveis por essa estagnação e manifesta solidariedade aos cinco cubanos presos em território norteamericano, quando investigavam atividades terroristas contra o país. As prisões, para o governador gaúcho e ex-ministro da Educação e da Justiça no governo Lula, são uma "farsa judicial."
Carta Maior: Quais foram os objetivos dessa viagem e os contatos mantidos na ilha. O governo do Rio Grande do Sul pretende estabelecer algum tipo de parceria com Cuba?
Tarso Genro: Estive em Cuba, na verdade, em férias, mas aproveitei para fazer contatos com o governo cubano e dirigentes políticos do país para informar-me sobre o estreitamento da colaboração do nosso governo estadual com Cuba , no terreno econômico, já que Cuba tem experiências que podem nos ajudar - por exemplo na produção fármacos e na engenharia institucional para resistência a catástrofes - e nós temos uma rica experiência, também como exemplo, na produção de máquinas agrícolas e na valorização da agricultura familiar.
O governo cubano, com as reformas que estão em curso, distribuiu 130 mil lotes de terra para agricultores, em usufruto, para que eles produzam alimentos e os levem ao mercado. A importação de alimentos por Cuba é um dos principais problemas para o desenvolvimento econômico da Ilha, que tem poucos recursos para investimentos em infraestrutura e logística, depois da queda da União Soviética que como se sabe proporcionava vultuosas ajudas ao povo cubano.
Carta Maior: Na sua opinião, quais são os obstáculos que ainda precisam ser superados para incrementar as relações comerciais com Cuba? O bloqueio promovido pelos EUA permanece sendo um entrave, mesmo para o Brasil?
Tarso Genro: Os governos americanos são contra qualquer ajuda e qualquer comércio com Cuba, porque ali, segundo alegam, não tem democracia. Enquanto isso negociam, o que aliás fazem muito bem, com a China e com qualquer país ditatorial da Ásia ou da África, desde que isso facilite os seus interesses comerciais e políticos, sobretudos petrolíferos. Ocupam países, inclusive, em nome destes interesses.
As ações terroristas desencadeadas contra Cuba, oriundas do território americano - feitas por exilados cubanos e cubano-americanos ligados às máfias de Miami, nas barbas das agências americanas ou até com a sua cumplicidade - constituíram um barbarismo atroz. E isso ocorreu depois do fim da “guerra fria” e depois que Cuba deixou de interferir apoiando ou estimulando ações revolucionárias na América Latina. Estabelecer relações de solidariedade com Cuba é, portanto, estimular o governo dos EUA a normalizar, também, as suas relações com aquela nação. O governo do Presidente Obama, na verdade, flexibilizou um pouco estas relações, que no governo Busch eram permanentemente agressivas e provocativas, mas ainda está longe de normalizá-las, como deveria ocorrer dentro dos mais elementares princípios do direito internacional.
Carta Maior: Para onde sinalizam, na sua opinião, as recentes mudanças anunciadas pelo governo cubano para dar um novo impulso à economia do país?
Tarso Genro: Cuba está iniciando uma transição, mas não tenho claro qual a sua profundidade e mesmo em direção a “quê”. Embora tenha tido muitos contatos institucionais com Cuba ao longo de sucessivos governos de que participei ou dirigi, seria muita arrogância da minha parte, e até uma infantilidade, fazer um “julgamento” daquele processo revolucionário, que é extremamente complexo, atípico e também “cercado” pelo bloqueio americano. Um processo que esteve permeado de erros acertos, mas que acabou devolvendo dignidade ao povo cubano e soberania política ao país. Julgá-lo negativamente seria como julgar negativamente a vitória do Norte, na Guerra da Secessão americana, por que o racismo continuou imperando no sul dos EUA até depois da metade do Século XX.
Tenho claro, porém, que Cuba está saindo da imobilidade que bloqueou, por largo tempo, seu sistema político e estagnou o desenvolvimento das suas forças produtivas. Tenho claro, também, que os democratas progressistas e a esquerda em geral devem ser solidários ao governo e ao povo cubano, nesta movimentação que estão iniciando, até porque muitas conquistas duramente obtidas neste período devem ser preservadas, como nas áreas da educação e da saúde pública,
Carta Maior: Essas mudanças podem ter algum impacto também na área dos direitos humanos, tema sensível e objeto de muitas críticas contra o governo cubano?
Tarso Genro: A questão democrática em Cuba não pode ser avaliada com os mesmos parâmetros que servem para o Brasil, para a Argentina e para o Uruguai, por exemplo. A questão dos “direitos humanos”, sim, porque estes são uma conquista supraterritorial e suprapolítca universal. Neste terreno Cuba começa a responder de uma maneira inclusive superior aos EUA, que mantém campos de tortura oficializados e não se abala com seus soldados, nas ocupações militares que faz, urinando sobre os inimigos mortos.
Cuba está libertando, seguidamente, prisioneiros políticos condenados dentro do seu regime jurídico, em nome da reinserção econômica e política plena do país, na comunidade internacional. Entendo que todos devemos apoiar estas decisões do governo cubano. A solidariedade com Cuba não exime ninguém de defender que se apliquem em todos os países - e obviamente também em Cuba - os princípios protetivos dos indivíduos e grupos sociais, atinentes aos direitos humanos. Mas isso também deve ser válido em relação aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos mantém - depois de uma farsa judicial - cinco cubanos presos que ali estavam colhendo informações para abortar atentados terroristas contra o seu país e que causaram, em Cuba, inúmeras mortes, inclusive de turistas, como se lê no livro de Fernando Moraes ("Os últimos soldados da Guerra Fria", Companhia das Letras), recentemente publicado. Os Estados Unidos mantém, em seu território, livre, um terrrorista como Posada Carriles, cuja extradição está sendo pedida - não por ele ter participado uma luta armada contra Cuba como outros vários cubanos que estão lá “exilados” no território americano- mas por ter participado da preparação de um atentado terrorista com bombas, o que é muito diferente de ação armada direta para desestabilizar um regime. Foi um atentando com bombas contra um avião de passageiros, cubano, que vitimou 70 pessoas.
Carta Maior: Na sua opinião, como poderia ser definido hoje o regime político cubano e quais as perspectivas de mudança no curto prazo?
Tarso Genro: A questão democrática em Cuba é, efetivamente, uma questão pendente, mas deve ser lembrado que as transições democráticas que ocorreram aqui na América Latina só ocorreram promovendo um Estado de direito precário, depois um pouco mais aperfeiçoado, porque as lutas armadas contra as ditaduras, aqui, foram derrotadas. Lá a luta armada contra a ditadura de Batista foi vitoriosa. Aqui, as transições se deram com o apoio, principalmente nos seus aspectos mais precários, dos Estados Unidos que, naquela época tratava a América Latina como seu quintal político, apoiando na região todas as ditaduras mais sanguinárias e depois apoiando as transições “sob controle”. O regime cubano, portanto, formou-se no âmbito da “guerra fria”, com apoio soviético contra os Estados Unidos, que protegiam todos os regimes sanguinários da América Latina, escudados na luta contra o “comunismo”.
O “regime fechado” cubano é conseqüência, portanto, desta complexidade: um país antimperialista, que pretende promover um regime socialista, isolado inclusive dos seus antigos pilares econômicos, como era o regime soviético e assediado - mesmo depois de ter deixado de promover e apoiar ações revolucionárias na América Latina - por ações violentas e boicotes econômicos do país mais poderoso do mundo, em termos econômicos e militares.
É entendimento pessoal meu, ainda que precário, que se o Presidente Obama otimizar a “flexibilização” do boicote e permitir que haja um fluxo normal de pessoas e mercadorias para Cuba isso oxigenará a economia e a política do país. Estimulará um processo de acumulação interno, em Cuba, público e privado, que ajudará os cubanos a encontrarem o seu caminho democrático específico e também os caminhos do desenvolvimento econômico e social que, na “era soviética”, eram extremamente significativos, comparativamente aos demais países latino-americanos.
Carta Maior: Nesta sua estada em Cuba, qual foi a impressão que ficou do cotidiano do povo cubano, do ambiente social na ilha?
Tarso Genro: O que a gente percebe, ainda que de forma empírica, é que o povo cubano é um povo musical e alegre, gosta dos brasileiros em especial e dos turistas, em geral, que trazem recursos e movimentação econômica para a Ilha. Enfrenta os problemas de sobrevivência de forma digna. É um povo irônico e afetivo, inclusive em relação aos seus dirigentes. Querem, agora, mais do que uma educação de qualidade e um bom regime de saúde pública. Querem mais: melhor alimentação e mais farta; melhor transporte; também comprar o seu “carrinho”, se possível.
Querem ainda a possibilidade de melhorar a sua habitação, viajar para fora do país e compartilhar com a América Latina. A continuidade, na minha opinião, da legitimidade popular da revolução depende disso, já que outras conquistas, como não ter, na Ilha, nenhuma criança abandonada dormindo na ruas ou sem alimentação - o que é uma grande conquista humanitária- já foi absorvida como “normal” no cotidiano dos cubanos.
"Prisão de cinco cubanos nos EUA é uma farsa judicial"
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acaba de retornar de Cuba, país que escolheu para uma viagem de férias de dez dias. Mas a viagem foi marcada também por uma série de contatos com dirigentes políticos cubanos. Em entrevista à Carta Maior, Tarso Genro fala sobre essas conversas, analisa as mudanças políticas e econômicas em curso na ilha e manifesta solidariedade aos cinco cubanos presos nos Estados Unidos, onde investigavam a articulação de atentados terroristas contra seu país.
Marco Aurélio Weissheimer
Porto Alegre - O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acaba de retornar de Cuba, país que escolheu para uma viagem de férias de dez dias - de 2 a 12 de janeiro. Mas a viagem de férias foi marcada também por uma série de contatos com dirigentes políticos cubanos. Tarso Genro pretende estreitar o relacionamento do Estado do Rio Grande do Sul com Cuba em áreas como produção de fármacos, engenharia institucional para resistência a catástrofes, produção de máquinas agrícolas e agricultura familiar.
Em entrevista à Carta Maior, o governador gaúcho fala sobre os contatos que manteve em Cuba e sobre as mudanças políticas e econômicas em curso na ilha. Tarso Genro acredita que Cuba está saindo da imobilidade que bloqueou, por largo tempo, seu sistema político e estagnou o desenvolvimento das suas forças produtivas. Ele aponta o bloqueio promovido pelos Estados Unidos como um dos principais fatores responsáveis por essa estagnação e manifesta solidariedade aos cinco cubanos presos em território norteamericano, quando investigavam atividades terroristas contra o país. As prisões, para o governador gaúcho e ex-ministro da Educação e da Justiça no governo Lula, são uma "farsa judicial."
Carta Maior: Quais foram os objetivos dessa viagem e os contatos mantidos na ilha. O governo do Rio Grande do Sul pretende estabelecer algum tipo de parceria com Cuba?
Tarso Genro: Estive em Cuba, na verdade, em férias, mas aproveitei para fazer contatos com o governo cubano e dirigentes políticos do país para informar-me sobre o estreitamento da colaboração do nosso governo estadual com Cuba , no terreno econômico, já que Cuba tem experiências que podem nos ajudar - por exemplo na produção fármacos e na engenharia institucional para resistência a catástrofes - e nós temos uma rica experiência, também como exemplo, na produção de máquinas agrícolas e na valorização da agricultura familiar.
O governo cubano, com as reformas que estão em curso, distribuiu 130 mil lotes de terra para agricultores, em usufruto, para que eles produzam alimentos e os levem ao mercado. A importação de alimentos por Cuba é um dos principais problemas para o desenvolvimento econômico da Ilha, que tem poucos recursos para investimentos em infraestrutura e logística, depois da queda da União Soviética que como se sabe proporcionava vultuosas ajudas ao povo cubano.
Carta Maior: Na sua opinião, quais são os obstáculos que ainda precisam ser superados para incrementar as relações comerciais com Cuba? O bloqueio promovido pelos EUA permanece sendo um entrave, mesmo para o Brasil?
Tarso Genro: Os governos americanos são contra qualquer ajuda e qualquer comércio com Cuba, porque ali, segundo alegam, não tem democracia. Enquanto isso negociam, o que aliás fazem muito bem, com a China e com qualquer país ditatorial da Ásia ou da África, desde que isso facilite os seus interesses comerciais e políticos, sobretudos petrolíferos. Ocupam países, inclusive, em nome destes interesses.
As ações terroristas desencadeadas contra Cuba, oriundas do território americano - feitas por exilados cubanos e cubano-americanos ligados às máfias de Miami, nas barbas das agências americanas ou até com a sua cumplicidade - constituíram um barbarismo atroz. E isso ocorreu depois do fim da “guerra fria” e depois que Cuba deixou de interferir apoiando ou estimulando ações revolucionárias na América Latina. Estabelecer relações de solidariedade com Cuba é, portanto, estimular o governo dos EUA a normalizar, também, as suas relações com aquela nação. O governo do Presidente Obama, na verdade, flexibilizou um pouco estas relações, que no governo Busch eram permanentemente agressivas e provocativas, mas ainda está longe de normalizá-las, como deveria ocorrer dentro dos mais elementares princípios do direito internacional.
Carta Maior: Para onde sinalizam, na sua opinião, as recentes mudanças anunciadas pelo governo cubano para dar um novo impulso à economia do país?
Tarso Genro: Cuba está iniciando uma transição, mas não tenho claro qual a sua profundidade e mesmo em direção a “quê”. Embora tenha tido muitos contatos institucionais com Cuba ao longo de sucessivos governos de que participei ou dirigi, seria muita arrogância da minha parte, e até uma infantilidade, fazer um “julgamento” daquele processo revolucionário, que é extremamente complexo, atípico e também “cercado” pelo bloqueio americano. Um processo que esteve permeado de erros acertos, mas que acabou devolvendo dignidade ao povo cubano e soberania política ao país. Julgá-lo negativamente seria como julgar negativamente a vitória do Norte, na Guerra da Secessão americana, por que o racismo continuou imperando no sul dos EUA até depois da metade do Século XX.
Tenho claro, porém, que Cuba está saindo da imobilidade que bloqueou, por largo tempo, seu sistema político e estagnou o desenvolvimento das suas forças produtivas. Tenho claro, também, que os democratas progressistas e a esquerda em geral devem ser solidários ao governo e ao povo cubano, nesta movimentação que estão iniciando, até porque muitas conquistas duramente obtidas neste período devem ser preservadas, como nas áreas da educação e da saúde pública,
Carta Maior: Essas mudanças podem ter algum impacto também na área dos direitos humanos, tema sensível e objeto de muitas críticas contra o governo cubano?
Tarso Genro: A questão democrática em Cuba não pode ser avaliada com os mesmos parâmetros que servem para o Brasil, para a Argentina e para o Uruguai, por exemplo. A questão dos “direitos humanos”, sim, porque estes são uma conquista supraterritorial e suprapolítca universal. Neste terreno Cuba começa a responder de uma maneira inclusive superior aos EUA, que mantém campos de tortura oficializados e não se abala com seus soldados, nas ocupações militares que faz, urinando sobre os inimigos mortos.
Cuba está libertando, seguidamente, prisioneiros políticos condenados dentro do seu regime jurídico, em nome da reinserção econômica e política plena do país, na comunidade internacional. Entendo que todos devemos apoiar estas decisões do governo cubano. A solidariedade com Cuba não exime ninguém de defender que se apliquem em todos os países - e obviamente também em Cuba - os princípios protetivos dos indivíduos e grupos sociais, atinentes aos direitos humanos. Mas isso também deve ser válido em relação aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos mantém - depois de uma farsa judicial - cinco cubanos presos que ali estavam colhendo informações para abortar atentados terroristas contra o seu país e que causaram, em Cuba, inúmeras mortes, inclusive de turistas, como se lê no livro de Fernando Moraes ("Os últimos soldados da Guerra Fria", Companhia das Letras), recentemente publicado. Os Estados Unidos mantém, em seu território, livre, um terrrorista como Posada Carriles, cuja extradição está sendo pedida - não por ele ter participado uma luta armada contra Cuba como outros vários cubanos que estão lá “exilados” no território americano- mas por ter participado da preparação de um atentado terrorista com bombas, o que é muito diferente de ação armada direta para desestabilizar um regime. Foi um atentando com bombas contra um avião de passageiros, cubano, que vitimou 70 pessoas.
Carta Maior: Na sua opinião, como poderia ser definido hoje o regime político cubano e quais as perspectivas de mudança no curto prazo?
Tarso Genro: A questão democrática em Cuba é, efetivamente, uma questão pendente, mas deve ser lembrado que as transições democráticas que ocorreram aqui na América Latina só ocorreram promovendo um Estado de direito precário, depois um pouco mais aperfeiçoado, porque as lutas armadas contra as ditaduras, aqui, foram derrotadas. Lá a luta armada contra a ditadura de Batista foi vitoriosa. Aqui, as transições se deram com o apoio, principalmente nos seus aspectos mais precários, dos Estados Unidos que, naquela época tratava a América Latina como seu quintal político, apoiando na região todas as ditaduras mais sanguinárias e depois apoiando as transições “sob controle”. O regime cubano, portanto, formou-se no âmbito da “guerra fria”, com apoio soviético contra os Estados Unidos, que protegiam todos os regimes sanguinários da América Latina, escudados na luta contra o “comunismo”.
O “regime fechado” cubano é conseqüência, portanto, desta complexidade: um país antimperialista, que pretende promover um regime socialista, isolado inclusive dos seus antigos pilares econômicos, como era o regime soviético e assediado - mesmo depois de ter deixado de promover e apoiar ações revolucionárias na América Latina - por ações violentas e boicotes econômicos do país mais poderoso do mundo, em termos econômicos e militares.
É entendimento pessoal meu, ainda que precário, que se o Presidente Obama otimizar a “flexibilização” do boicote e permitir que haja um fluxo normal de pessoas e mercadorias para Cuba isso oxigenará a economia e a política do país. Estimulará um processo de acumulação interno, em Cuba, público e privado, que ajudará os cubanos a encontrarem o seu caminho democrático específico e também os caminhos do desenvolvimento econômico e social que, na “era soviética”, eram extremamente significativos, comparativamente aos demais países latino-americanos.
Carta Maior: Nesta sua estada em Cuba, qual foi a impressão que ficou do cotidiano do povo cubano, do ambiente social na ilha?
Tarso Genro: O que a gente percebe, ainda que de forma empírica, é que o povo cubano é um povo musical e alegre, gosta dos brasileiros em especial e dos turistas, em geral, que trazem recursos e movimentação econômica para a Ilha. Enfrenta os problemas de sobrevivência de forma digna. É um povo irônico e afetivo, inclusive em relação aos seus dirigentes. Querem, agora, mais do que uma educação de qualidade e um bom regime de saúde pública. Querem mais: melhor alimentação e mais farta; melhor transporte; também comprar o seu “carrinho”, se possível.
Querem ainda a possibilidade de melhorar a sua habitação, viajar para fora do país e compartilhar com a América Latina. A continuidade, na minha opinião, da legitimidade popular da revolução depende disso, já que outras conquistas, como não ter, na Ilha, nenhuma criança abandonada dormindo na ruas ou sem alimentação - o que é uma grande conquista humanitária- já foi absorvida como “normal” no cotidiano dos cubanos.
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